terça-feira, 5 de outubro de 2010

“Acertando” a Dissonância; “Errando” a Consonância.



Relatividades sobre o erro

O fazer/compreender música ainda possui uma relação direta com o conceito de que é proibido errar durante sua aprendizagem.

Durante o Romantismo (período artístico ocorrido durante o século XIX) o aprender música era visto como algo “perfeito”, ou seja, inconcebível a possibilidade do errar. Tal pensamento gerou durante o período uma forte relação da disputa do virtuosismo musical (domínio total sobre o instrumento) tornando assim o fazer musical algo extremamente limitado a poucos que suportava estudos torturantes, buscando a “perfeição”, e/ou aquele que nascera um talento nato (prodígio). Situação essa que gerou o ícone apoteótico do músico. Somente aquele que “andasse” entre os deuses era aquele que deveriam chamar de “músico”.

Apesar de dois séculos passados, esse reflexo ainda persiste de maneira inabalável, de tal maneira que a música e vista para muitos como uma “entidade” oferecida apenas ao talentoso, obviamente o talentoso será hábil na música de qualquer maneira, (se lhe for proporcionado conhecer/segui a carreira de músico), como um matemático talentoso conseguira resolver inúmeros problemas aritméticos inconcebíveis para a maioria das pessoas. Mesmo assim é relativamente comum entre tais pessoas resoluções simples de matemática, como as operações básicas, por exemplo. Assim se é possível conceber que qualquer indivíduo pode usufruir da matemática para um ganho pessoal ou social, por que o fazer musical não é entendido da mesma maneira?

A explicação pode advir muitas vezes dos próprios professores de música, isso porque a “adestração” musical concebida no Romantismo é tão forte que mal é questionada quanto mais mudada.

Isso acontece por que:

  1. Os professores de música trabalham com métodos totalmente desatualizados e sem nenhum contexto com a atual realidade
  2. Professores preferem trabalhar na “área de conforto tonal”.

Tal “área de conforto tonal” é concebida como uma relação à utilização do sistema tonal, (sistema musical que compreende uma entidade musical superior às outras o “tom”) tal sistema muito empregado até o inicio do século XX, mantém relações diretas com acertos e erros com relações como consonância (conceito de freqüência simétrica, relação associativa entre harmônicos) e dissonância (conceito de freqüência assimétrica, gerando tensão, instabilidade sonora). Ou seja, como a consonância cria um senso de estabilidade é associado ao “certo” e o contrário também acontece com a dissonância que é diretamente relacionada à “errado”, tornando a aprendizagem musical limitada a padrões clássicos de “bonito/feio”.

É necessário permitir ao educando uma liberdade de experimentação, de percepção em que ele possa julga o que acha correto ou não de se tocar, afinal música como qualquer outra arte não se deve limitar a qualquer forma de ser/estar e sim apenas existir como unidade, como forma única diferente criativa e interessante.

É comum a prática musical onde o aluno não aprende a tentar, ele recebe ordem formais pontuais de como fazer, desta maneira ao delinear o que se deve tocar acaba-se automaticamente sugerindo (indicando) o que não se deve tocar, gerando assim a factual existência de erro.

Como John Cage (compositor norte - americano contemporâneo) dizia:

“Não existe erro, se está lá, é alguma coisa!”

Tal pensamento é valido e real, o erro é algo que no contexto arte-educação indica “não faça o que eu (professor) não quero não gosto”.

O professor contemporâneo não deve adestrar informação e/ou opinião, ele deve tornar o questionamento cabível ao aluno, o porque do fazer o que faz. Quando o professor obriga o aluno a fazer à “sua” musica com a alegação de que a música que o aluno gosta é de valor questionável e imprestável ao seu gosto musical, torna a função do professor totalmente inútil. É fato que principalmente os jovens neste século das “multinformações” e das novas possibilidades de mídia consomem cada vez mais rápido a música, de forma a banalizar-la e de mal absorver seu conteúdo (quando esta existe). Por está razão o educador musical deve mostrar o porque da necessidade do aluno ouvir outros estilos, descobrir a música, para algo nela o faça pensar, seja na questão sonora ou relativa a letra. Mas o aluno deve entender e buscar por sua real vontade tal opção. Quando o professor força esse “amadurecimento” musical cria muitas vezes músicos sem ideologia musical, apenas repetindo o que se professor lhe disse durante seus estudos, isto quando o mesmo não desisti, pois a música que faz é completamente diferente da linguagem de seu mundo. O aprender musical é algo construtivo que leva anos para se adquirir conhecimentos sobre variados aspectos, para possibilitar degustar tudo que a música pode oferecer tais como harmonia, contraponto, forma, instrumentação e etc. E quando o educador pula esse processo gera desmotivação que muitas vezes sucumbem na desistência do fazer musical. É como um professor de matemática ensinar equações de segundo grau a crianças de primeira série fundamental, algo totalmente inábil naquele estágio.



A motivação é o maior aliado do educador no século XX, pois ela é única saída para uma sociedade que pratica o hábito de consumir, o aluno deve ser motivado de todas as maneiras possíveis pelo professor, seja com trabalhos musicais de seu gosto, ou com conteúdos mais próximos da linguagem do aluno, pois é neste caminho que o aluno encontrará o habito/prazer de fazer música, de estudar música.

Por fim, é necessária uma reformulação em como se concebe ensinar música no século XX, pois hoje mais que nunca o fazer música tem função social, de agregar pessoas de variadas culturas e meios sociais. Música não tem mais o caráter de heroísmo, ou busca da perfeição, ela tem caráter de união entre os povos, não favorecendo nenhuma escola ou meio estético, tudo é valido e “certo”, afinal toda organização do som é música, e toda música “organiza” o ser humano.



quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A Relatividade da Música

Basicamente quase todas as descobertas do homem trazem revoluções em outras áreas, porem nenhuma foi tão forte quanto a Teoria da Relatividade de Einstein, ela modificou tanto a visão “física” do universo quando filosófica, adicionou um novo conceito de consciência, já que a dualidade moral e estética não mais possuía valor. Ou seja, tudo é relativo no sentido único, cada qual pode entender determinado processo com sua “visão”, e todos podem estar “certos”.

Tal teoria gerou inúmeros desdobramentos, inclusive a relação “música/espaço”.

Simples, se o tempo é agora relativo, baseado no ponto de observação espacial, o tempo musical também o é, assim toda “coerência” de organização espacial/temporal clássica se torna nula a vontade da “fonte” ou “receptor” musical.

A música não pode mais seguir os padrões “uniformes” de métrica, forma entre outras variantes já comuns na estrutura clássica. A questão é que a música torna-se “viva”, aformica e atemporal, ou uma “Entidade Sonora” citando Stockhausen.

A própria queda do sistema tonal demonstra essa dissolução total do sentido dualístico (Tônica - dominante), tornando não linear (dodecafônismo, serialismo, aleatoriedade e etc).

A música concreta também foi uma das mais influenciada pela tal teoria já que quase todos os equipamentos utilizados usam chips que só existiram com eficiência depois da compreensão da “descoberta” de Einstein.

Indiretamente acredito que toda música eletro fora sim uma afronta ao sistema musical mais não no sentido de dualismo, de “bom ou mau”, “bonito; feio”, e sim no processo de mudar completamente a visão de como era feito música e como agora se pode. Possibilidades beirando o infinito, onde não mais se cria o instrumento e sim o som!

E como diria Cage:

“É tudo isso ou não!”

e_T+



segunda-feira, 5 de julho de 2010

Harmonia em Bloco!!!!




Basicamente os caminhos da harmonia, escalas e tensões já trás complicações por “natureza” do assunto. Talvez por tantas vezes a harmonia seja associada apenas à questão teórica o assunto sempre gera “terror” por aqueles que começam seu estudo.

É comum também o estudo de escalas como apenas “técnica”, ou seja, músicos conhecem todas as escalas, e a fazem à 200bpm, porem não existe o conhecimento capaz de aplica - lá em cadências mais complexas.

Durante meu tempo no conservatório fui iniciado a uma das técnicas usadas na Berkeley, para maior “fusão” entre acordes e escalas. Essa técnica é chamada de “harmonia em bloco” e funciona da seguinte maneira:


  • Todo acorde do campo harmônico deve ser executado no instrumento em todas as suas inversões.
  • Todo acorde do campo harmônico deve ser executado no instrumento com todas as notas diatônicas nas “ponteiras”, ou seja, as notas mais agudas.
  • Todo acorde do campo harmônico deve ser executado no instrumento com todas as notas “adicionadas” nas “ponteiras”, ou seja, as notas mais agudas.
Desta maneira os acordes mesmo com tensões “complexas” tornam-se apenas “acordes acompanhando a melodia”, esta associação serve também para as relações que acontecem entre os acordes, facilitando a visualização do movimento das vozes.


No começo o estudo torna-se um tanto monótono porem com a prática pode se gerar possibilidades harmônico-melódicas e servirá de maior entendimento de acordes complexos, e resoluções.

e_T+

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Criatividade Criando_Indentidade



"Criatividade consiste no total rearranjo do que sabemos com o objetivo de descobrir o que não sabemos." (George Kneller)

A frase citada pelo Filosofo americano expressa de forma clara o ponto fundamental da “criatividade”.
Concebe-se que ao determinar algo como criativo, determinado ato, especifica novos níveis de relação ao objeto. A criatividade “existe” ao entender o estado “natural” de modo “anatural”, ou seja, através da compreensão única do individuo criativo.
É denotado fato, que o ato criativo relaciona-se diretamente a relação social do tempo-espaço, ou seja, muitas vezes é comum o ato criativo ser “tão” criativo que a sociedade ainda não a concebe, sendo assim a criatividade está relacionada também ao padrão usual da mesma.
Desta maneira o ato de criar, é determinado pelo tempo-espaço, utilidade da mesma, e sua relação de originalidade.

Porem nem sempre algo que é criativo é original, pois ao conceber a criatividade como a “visão singular” do mesmo, pode-se interpretar a criatividade como uma “variação” integral ou semi-integral da realidade.

No campo das artes a criatividade não é vista com foco primordial na originalidade, muitas vezes o “ato criativo” é visível em variação do sistema básico. Exemplo possível seria o da famosa Sinfonia nº5 de Beethoven, apesar de seus “avanços originais” tanto na questão da forma musical, quanto nas progressões harmônicas, a grande “eureka” do compositor foi sua vasta variação que conseguiu ao “desenvolver” o conhecidíssimo “motivo de destino” da sinfonia citada. Com um motivo musical de quatro notas, Beethoven desmembra um movimento inteiro de uma sinfonia.

Esta capacidade “variacional” do compositor demonstra sua capacidade de criar novos caminhos para uma visão inicial.

Assim sendo o individuo criativo é aquele que vê (percebe) ou sente (compreende) algo que ainda não foi concebido pelos demais, sendo esta capacidade atemporal e “anatural” em relação ao comum, tornando a visão do criativo única e singular.

Desta maneira pode-se citar Fernando Pessoa:

"Viver não é necessário. Necessário é criar."

A questão criatividade está diretamente ligada à relação de perceber e compreender o mundo natural de forma singular. Assim sendo o ato criativo apesar de atrelado a originalidade não significa igualdade, pois a capacidade criativa está relaciona com a “modificação” de algo determinado e/ou pré-determinado. Desta maneira, a criatividade é voltada a todas as áreas de atuação, mais é “privilegiada” nas artes e na ciência. Afinal tanto uma área quanto a outra tenta “visualizar” a realidade por outra ótica.
Nas artes a estética mostra-se valorosa, pois é através dela no espaço-tempo social, o artista “enxerga” seu mundo, seja ele abstrato, surrealista ou barroco, as “filosofias criativas” mudam com o tempo, porém a capacidade criativa não! A criatividade é atemporal, sendo ele útil ou não.

Nas ciências, a criatividade é bem vista como nas artes, pois os “artistas científicos” buscam resoluções de problemas de forma singular, de forma útil em todas as situações, pois a ciência procura respostas “criativas” para problemas reais, enquanto a arte pode ou não se preocupar com os problemas reais. Como se refere Eleanor Roosevelt:

"Criatividade sempre significa fazer o não-familiar."

Assim sendo a individuo criativo não é aquele busca unicamente a originalidade e sim aquele que busca resolução de problemas reais ou não, utilizando um foco único que vai além do pré-estabelecido anteriormente, sem esquecer do que foi pré-estabelecido para alcançar suas metas. E neste caso podemos citar Albert Einstein:

“O segredo da criatividade é saber como esconder as fontes”.

Que apesar de cruel não deixa de ser verdadeiro e “criativo”!!!!

e-T+

See u around!!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Criatividade para "Criar_idade"


Toda forma de incentivo a criação é um formação de educação, é vital neste mundo de mídias e informações um novo prisma na educação voltado a capacidade criativa e no fazer criativo, tornando-a útil a suas necessidades.

Com a concepção de processo criativo, produto criativo e a pessoa criativa , o educador pode se orientar teoricamente em como trabalhar esta “situação” com seus alunos. Como a pessoa criativa se desenvolve em muitas áreas, tanto psicológicas quanto sociais, é ideal que o professor visualize estas “características próprias” das pessoas criativas, assim ele poderá influenciar diretamente no incentivo/motivação do processo criativo, principalmente na geração dos problemas a serem resolvidos por estas pessoas.

Tais problemas poderão ter ou não funcionalidade, porem quanto mais o professor conseguir gerar problemas usais, mais o educado “exercitará” seu ato criativo.

É fato que quanto mais os educados são indagados a gerarem “respostas” dos problemas, maior capacidade “variante” o mesmo terá, sendo assim de muita valia em sua formação musical, tanto na área da composição, improviso ou mesmo na interpretação musical.

É fato que em muitas escolas e em conservatórios o estudo musical ainda continua sendo direcionada pelo lado teórico sem associação direta com a prática, assim sendo é comum encontrar alunos que consigam tocar muito bem seus instrumentos porem mal conseguem "escrever" sua musica ou consigam improvisar com “liberdade” tonal/modal (sem utilização de patterns pôr exemplo).

Isso não é um situação atual, Paul Hindemith compositor e educador já tratava sobre isso em seu livro Treinamento Elementar para Músicos (pg7 2004 Ed. Ricordi) “É extremamente difícil levar os estudantes assim treinados a um conceito mais elevado da harmonia, eles não conseguem se afastar de sua limitada concepção de tonalidade”.

O que Hindemith tenta demonstrar é que quando o aluno aprende solfejo, escrita musical e teoria sem relação com o “tocar” e vice-versa a concepção musical, seja melódica quanto harmonia fica limitada ao o que o ouvido se “acostumou” a ouvir.

Neste ponto é necessária uma abordagem mais criativa da música como Murray Shaffer sugere em seu livro “Para uma educação sonora”, onde o autor sugere cem exercícios de “limpeza dos ouvidos”, para que o estudante possa compreender as diversas relações auditivas que são encontradas em nossa “paisagem” sonora.

Donwload do livro "Cem exercícios de “limpeza dos ouvidos”: http://www.4shared.com/document/UlhCBeoc/Para-uma-educacao-sonora-100-e.html

Trabalhos onde o aluno possa trabalhar a “sua” música, sem rótulos de certo ou errado, ou “padrões”, gera liberdade tanto estética quanto auditiva, tornando a música em arte e não só em “sons organizados”. Trabalhar a questão da composição, o improviso, a interpretação das sensações causadas pela música transformam a música em algo substancial e não somente “técnica”.

e_T+

sábado, 19 de junho de 2010

“O papel da educação musical na melhoria do ambiente sonoro.”



É hora de manipular as formas do ambiente sonoro conscientizando de sua existência!

Cada vez mais a sociedade passa a um olhar mais introspectivo do ambiente a sua volta, em como o homem modifica seu meio sem pensar “no que” ou “no como”. Esta situação transformou o modo de vida da sociedade, em todos os padrões emocionais. Ou seja, vive-se em meio ao “caos dos sentidos”, sejam eles visuais, auditivos, táteis ou mesmo de gustativos. Focais no sentido auditivo do ambiente. Como houve uma “low-fi” neste mundo sonoro, (concebe-se Low-fi como massa compacta de som, com demasiada informação transformando a compreensão da mesma relativa, tal termo foi sugerido por R. Murray Schaffer, compositor/educador canadense que propõe o denominado “Soundscape”, ou também conhecida paisagem sonora).

Neste processo Schaffer, propõe uma nova audição do mundo ao redor do individuo, para que o mesmo possa compreender um mundo a sua volta através dos sons, em como o mundo contemporâneo tornou-se caótico e complexo. Além deste sentido Schaffer trata de gerar uma relação maior entre o indivíduo e seu meio, já que ao possuir consciência do estado metafísico o físico mostra-se vivo na mente do indivíduo.

Porem para isso é vital uma nova fonte de educação musical, a qual não é concebida apenas por compreender (traduzir) os aspectos básicos e funcionais da musica, tais como harmonia, melodia, contraponto, etc. Neste contexto, a música é viva, pois a consciência de música altera a realidade instrumental/vocal abrangendo novos padrões temáticos e interpretativos.

Tão consciência tornará os alvos desta educação “abertos” ao soundscape em que vivem, concebendo assim novas formas de modificação do mesmo, gerando uma desagregação do relativo “low-fi” para um processo “hi-fi”, (que se concebe como o processo contrário ao “low-fi”, caracterizado pela diluição da massa sonora), processando caminhos mais “limpos” e organizados, processo esse que está diretamente ligado ao silêncio, algo incomum neste tempo de máquinas e maquinários.

Silêncio este que não é simplesmente “algo”, e sim algo como uma entidade tão rara como deuses. Algo imperceptível tão perceptível que não se percebe, ou citando John Cage:

“O Silêncio é grávido de sons”

Tal afirmação leva a uma discussão mais emblemática, seria o silêncio hoje tão morto (inexistente) que as novas gerações não o conhecem? Para isso é necessária este vivência no ambiente sonoro sugerido por Schaffer, pois é ela que demonstrará a necessidade de uma verdadeira percepção por parte do corpo da existência do silêncio e de variadas formas de massas sonoras em unidade as paisagens sonoras.

Assim é necessário um real direcionamento a estas novas gerações, para que a escuta do mundo seja um reflexo de sua consciência individual perante a sociedade, transformando, ou não o ambiente sonoro e físico, para que o ambiente sonoro seja algo humanizado e social.



quarta-feira, 19 de maio de 2010

O papel da inclusão digital no processo educativo


É fato que a tecnologia da informação tem se mostrado cada vez mais o guia da sociedade contemporânea, mesmo em situações onde o individuo acredita que não tem contato com a mesma ele a faz inconscientemente, como em caixas eletrônicos, cartões de crédito, celulares e etc. Neste ponto percebe-se um fator único à informática, que é a ação “auto-educativa”, ou seja, ela tem a capacidade de ser aprendida naturalmente sem a necessidade de fatores externos. Este fato se se refere ao ponto que o individuo “treina” no equipamento, ou mesmo busca ajuda, mais o ato de tentar ou ser “autodidata” influencia diretamente no aprendizado dele.
Desta maneira concebe-se para uma real inclusão digital a liberdade de experimentação do individuo aos computadores. Neste ponto é importante citar Jean Piaget:

"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe."

A base da teoria do construtivismo seria a experimentação da criança em relação ao meio e problemas gerados pelo professor. Assim sendo co-relacionando a relação entre meios tecnológicos comum a todos e uma das mais aceitas teorias da educação percebe-se um ligação real sobre o “fazer” da inclusão digital.

A inclusão digital nada mais é do que trazer indivíduos não relacionados às novas mídias a elas, mais o tratamento pelo qual isto é feito é que gera o problema. Ainda se debate sobre a inclusão digital como uma se ela fosse algo obrigado ao individuo, ou seja, que ele tenha que fazer ou ter para não ficar desatualizado ou “além” do mundo social. Na verdade este é o erro fundamental de estratégia para uma verdadeira inclusão digital, é necessário que o indivíduo tenha “necessidade” do uso da tecnologia, como no exemplo do caixa eletrônico, ou o cartão de débito. É comum hoje diversas pessoas utilizarem tais tecnologia e nunca terem ligado um computador na vida. Isto não é inclusão digital?
Ao procurar definir inclusão digital encontramos o texto de Oliveira & Montanaro:

“Inclusão Digital é o ato de dar acesso à tecnologias de informação e comunicação a toda a população, oferecendo também todas as condições necessárias para que elas utilizem computadores e todo e qualquer dispositivo digital afim de buscar melhorias em suas condições de vida e de toda a sua comunidade.”

Assim sendo nota-se que é necessário também para uma real inclusão digital que o individuo tenha acesso aos processos tecnológicos, transformando tais equipamentos em rotineiros em sua vida, para uma maior desmistificação do “monstro” chamado computador.
Ainda considerando que a educação digital está totalmente relacionada ao “fazer”, hoje este próprio ato de procurar informação para resolver problemas é à base da internet, fóruns, tutoriais, vídeos tutoriais, manuais entre outros estão acessíveis a todos com uma ligeira facilidade na internet, desta maneira esta educação digital mostra-se evolutiva e dinâmica, pois ao aprender utilizar um “buscador” na internet novos parâmetros se abrem.
Com esta consciência educacional em mente mais a experimentação dos meios tecnológicos pelo individuo chegamos ao caminho da inclusão do mesmo ao mundo digital e assim um novo meio educacional também se abre.
Este meio educacional está diretamente ligado ao criar ou fazer colaborativamente indiretamente, ou seja, várias pessoas geram um conhecimento de vários pontos diferentes do globo. Este fator é único e novo, pois agora a educação é formada em tempo real ou não, sendo que diversas mentes pode tratar do mesmo assunto junto sem nunca se conhecerem. Esta educação já é mais acessível aos mais novos que tratam os computadores como algo “normal” em suas vida, por isso parecem dominar melhor tais instrumentos. São comuns crianças que possuem paginas de relacionamento, participam de chats ou ate mesmo fazem trabalhos em grupo via internet. É vital tentar incluir o mundo digital primeiramente aos mais jovens, pois estes já visualizam a “necessidade” do mesmo.
Enfim, a inclusão digital deve ser levada à população de modo natural e não transformando a situação em um “problema” social. Nestes tempos modernos de informação é indispensável a necessidade da população utilizar as ferramentas de mídia moderna, porem é importante salientar que qualquer “popularização” diminui a qualidade pois é necessários que os indivíduos esteja “prontos” para desbravar as fronteiras do mundo cibernético.